Os HDs (discos rígidos) são componentes básicos de qualquer computador. Infelizmente a maioria dos usuários só se preocupa com a capacidade do HD. Na verdade existem outras especificações dos HDs que são muito importantes. Mas quem teve a curiosidade de checar as especificações de um HD na página do fabricante na Internet, deve ter percebido que os termos são muito complicados além de estarem todos em inglês. Isto não quer dizer que não nos devemos preocupar com as características de um HD. Muitas vezes, comparando as especificações de um disco com a de outro semelhante, descobrimos que um pode possuir grandes vantagens em relação ao outro. O grande problema é entender o que quer dizer cada termo. Neste artigo vamos descrever de maneira simples as principais especificações dos HDs de modo que a sua escolha HD não seja considerada trabalho para especialistas em hardware de microcomputadores.




Fator de Forma (Form Factor)
O fator de forma define as dimensões físicas de um disco rígido. Atualmente a maioria dos discos rígidos têm largura de 3,5 polegadas. Mas já existiram discos rígidos de 5,25 polegadas de largura e até mais. Além da largura existe também a questão da altura. Enquanto quase todos os HDs de 3,5 polegadas ocupam apenas uma “baia” para discos de 3,5 polegadas, alguns discos de 5,25 polegadas (muito antigos) podiam ocupar até duas “baias” de 5,25 polegadas. É bom lembrar que os drives de 3,5 polegadas também podem ser montados em baias de 5,25 polegadas se usarmos adaptadores (chamados comumente de “frames”). E também existem os drives de 2,5 polegadas de largura e ultra finos. Estes tipos de drives são encontrados normalmente em Notebooks.


Interface
A interface nada mais é que o tipo de controladora que o HD utiliza. Atualmente os HDs são divididos em dois grandes grupos com relação à sua Interface. Temos os HDs no padrão IDE/ATA e os no padrão SCSI. Quase sempre os HDs com a interface SCSI têm melhor desempenho que os no padrão IDE. Dentro destes grupos ainda existem várias subdivisões. Toda vez que um novo HD super rápido chega mercado os fabricantes têm que melhorar a taxa de transferência da Interface. Uma Interface rápida com HD lento não tem como prejudicar o desempenho do HD, mas o contrário, isto é, uma interface lenta com um HD rápido, acaba com o desempenho do mesmo. Os HDs com interface no padrão IDE/ATA são divididos em HDs no padrão PATA (Parallel ATA) e HDs no padrão SATA (Serial ATA). Quase todos os HDs no padrão IDE/ATA atualmente disponíveis no mercado seguem a especificação SATA (1 ou 2). O padrão SATA1 pode atingir taxas de transferência de até 150 MB/s. Já os HDs no padrão SATA2 podem alcançar taxas de transferência próximas a 300 MB/segundo. Os HDs no padrão SCSI não ficam para trás. Existem HDs no padrão SCSI que podem chegar até 320 MB/segundo ou mais. É claro que estes são valores máximos (“de pico”). A taxa de transferência “média” costuma ser bem abaixo desta.


Densidade (Density)
A densidade tem a ver com a concentração de informação que podemos ter no material magnético do disco. Assim, quanto maior for a densidade de um disco, maior será a capacidade deste disco de armazenar informações. A densidade de um disco rígido é definida pela quantidade de informação que pode ser armazenada em uma trilha do mesmo. A densidade também pode afetar o desempenho do disco, pois quanto maior for a informação contida em um espaço do disco, mais informação será lida pela cabeça de leitura do HD em menos tempo. Isso vai aumentar a taxa de transferência do disco rígido. Desta forma podemos dizer que um disco rígido com maior densidade e menor velocidade de rotação pode sim ser mais rápido que um HD com velocidade de rotação maior, mas com menor densidade.


Velocidade de rotação dos discos (Rotational Speed)
A definição de velocidade de rotação dos discos é óbvia: é o número de rotações por minuto que os discos magnéticos do HD podem alcançar. Os primeiros HDs no padrão IDE só conseguiam chegar a cerca de 4000 rpm (rotações por minuto). Atualmente os discos rígidos IDE/ATA chegam a 7200 e até a 10000 rpm. Já os discos no padrão SCSI costumam ter maiores valores para velocidade de rotação, chegando a 10000 e até a 15000 rpm. Existe um problema sério com HDs que possuem velocidades de rotação de 7200 rpm ou mais. Trata-se do aquecimento. Com a rotação elevada, estes HDs atingem temperaturas muito elevadas no interior do gabinete. Este calor pode prejudicar o funcionamento do HD e até do microcomputador como um todo. Recomenda-se o uso de refrigeração especial dedicada aos HDs no caso destes HDs mais rápidos. Uma curiosidade: se dois HDs tiverem a mesma velocidade de rotação e a mesma densidade, mas possuírem fatores de forma diferentes (por exemplo: 2,5 polegadas e 3,5 polegadas), o HD maior será mais rápido na média. Isto porque as suas trilhas mais externas terão maior velocidade linear que as trilhas externas do HD menor.


Capacidade (Capacity)
A capacidade é a característica que a maioria dos usuários escolhe primeiro em um disco rígido. Todos querem o maior HD possível, para “enchê-lo” com seus arquivos, músicas, etc. Neste ponto só devemos tomar um cuidado básico: verificar se o BIOS da placa-mãe consegue reconhecer a capacidade total do disco rígido. Placas-mãe mais antigas possuem BIOS que têm problemas para reconhecer HDs maiores. Vale a pena checar no site do fabricante da placa-mãe se é possível fazer um atualização de BIOS que permita que o mesmo reconheça o HD maior. Este tipo de problema só ocorre com discos no padrão IDE. Isto porque o padrão SCSI exige uma controladora específica que possui a capacidade de definir corretamente as características de capacidade de quaisquer discos rígidos SCSI que estejam “plugados” à ela. A capacidade é importante porque quanto maior for o HD menor deverá ser seu preço relativo. Eu explico melhor: Um HD de 80 GB custa cerca de R$ 100,00, enquanto um HD de 250 GB custa R$ 150,00. Assim o preço por gigabyte do primeiro HD é bem maior que do segundo HD. É por isso que costumamos recomendar a compra do maior HD que seu dinheiro puder comprar!




Latência e tempo de busca (Latency and Seek Time)
A latência é o tempo necessário para que os discos girem até que a informação esteja posicionada em baixo das cabeças de leitura e gravação do disco rígido. Já o tempo de busca é o tempo que as cabeças de leitura tem que gastar para poder começar a ler a informação. A combinação destes dois tempos nos dá o tempo de acesso total à informação contida em determinada parte do disco, que é o nosso próximo tópico. É claro que os HDs com maior velocidade de rotação terão uma latência menor.


Tempo de acesso (Access time)
Este item é um dos itens mais importantes em que devemos prestar atenção na hora de escolher um disco rígido. Quanto menor for o tempo de acesso de um disco rígido menor será o tempo gasto para recuperar uma informação armazenada neste disco. O tempo de acesso médio é definido com a média de todos os tempos de acesso existentes no disco. O tempo de acesso médio é uma medida mais real que o menor tempo de acesso. O menor tempo de acesso é quase sempre obtido pelas trilhas mais próximas ao local onde as cabeças do disco rígido ficam em estado de espera. Existem vários programas medidores de desempenho que conseguem verificar o tempo médio de acesso de um disco rígido.


Buffer
O buffer é uma pequena quantidade de memória RAM colocada dentro da parte eletrônica dos HDs mais modernos. No buffer ficam armazenados os dados mais solicitados daquele HD. Desta forma, ao invés de ser feita uma leitura eletromecânica do disco é feita uma transferência eletrônica de determinados dados. Isto aumenta em muito o desempenho do disco. Quanto maior for um buffer de um HD melhor será seu desempenho global. Por analogia, podemos dizer que o buffer está para o HD assim como a memória cache está para a memória RAM. Os valores típicos de buffer para os HDs são 512 KB, 1 MB, 2 MB, 8 MB e 16 MB. Aliás, muitas vezes o buffer é chamado de cache do HD.


Tempo médio entre falhas (MTBF – Mean Time Between Failures)
O tempo médio entre falhas teoricamente mede a quantidade de horas ininterruptas que o disco rígido deve funcionar sem problemas. Na verdade, o MTBF, é uma medida de confiabilidade do HD. Um HD com MTBF de 500.000 horas não vai funcionar por mais de 50 anos! Mas ele terá uma confiabilidade maior que um HD com MTBF de “apenas” 200.000 horas. Na verdade, a grande maioria dos HDs já estará obsoleta quando o seu período de MTBF expirar, mas o MTBF nos dá uma medida de confiança do HD.


Taxa de transferência (Transfer Rate)
A taxa de transferência de um HD pode ser classificada em três tipos:

Taxa de transferência Interna

É a taxa que os discos podem transferir informação (dados) para as cabeças de leitura e gravação do disco rígido e vice-versa.

Taxa de transferência Externa

É a taxa máxima que a interface pode obter. Com o uso de buffers, conseguimos taxas de transferência externas de até 133 MB/segundo em HD no padrão PATA e 300 MB/segundo no padrão SATA.

Taxa de transferência sustentada

É a taxa que a informação consegue ser transferida do HD para a placa-mãe de um modo constante durante um determinado período de tempo. É uma associação entre a taxa de transferência interna e a taxa de transferência externa. Esta é, na realidade, a única taxa que interessa.

É claro que a taxa de transferência sustentada de um HD é função de vários fatores vistos anteriormente, tais como tempo de acesso, Buffers, Interface, etc. Discos rígidos no padrão SCSI costumam possuir taxas de transferência sustentadas melhores que os discos no padrão IDE. Isto porque os discos SCSI tem geralmente velocidades de rotação maiores, tempos de acesso menores, etc.


Conclusão
Tenho certeza que com este guia detalhado das especificações dos HDs vocês poderão deixar todos estes vendedores que acham que sabem alguma coisa de hardware de boca aberta. Espero que as informações do guia também ajudem na hora da escolha do disco rígido.

Um grande abraço a até a próxima!



Fonte: Futuro da tecnologia