Até agora você só ouviu críticas positivas do Windows 7? Eu também. O sistema só vem recebendo elogios desde o início do desenvolvimento. Não é para menos, essa é a melhor versão do sistema operacional da Microsoft. Aqui mesmo na IMP já analisamos e mostramos tudo, em detalhes, sobre o Windows 7 beta.

Agora faremos algo parecido com o Windows 7 RC, mas ao contrário da versão beta, vamos apresentar, em detalhes, onde o Windows 7 falhou até o momento. Estamos cientes de que é uma versão release candidate, ou seja, o que falaremos aqui pode mudar até a versão final. Entretanto, praticamente todas essas falhas já estavam presentes na versão beta e não foram “corrigidas” até o momento. Logo, a probabilidade delas saírem na versão final é muito grande.


Interface

Você já notou que em cada nova versão do Windows sempre tem aquele ícone velho, da época do Windows 9x? Pois é, no Windows 7 não é diferente. Está certo que isso não é uma “falha” grave, mas é incômodo, principalmente para quem gosta de um visual uniforme. Agora junte isso com cursores da década passada que teimam em surgir do nada em alguns locais, janelas escuras (antigas), com botão quadrado e fonte fora do padrão. São pequenos detalhes, mas não deixam de ser importantes. É impressionante como o Windows saiu do pó, mas o pó não saiu do Windows.




Uma das coisas que mais chama atenção por ainda não ter sido atualizada é a tooltip dos botões minimizar, restaurar/maximizar e fechar. Não reparou ainda? Experimente deixar o cursor do mouse parado por um instante sobre um desses botões e… Sim, Windows 9x. É algo que está na cara de todo mundo, em tudo no Windows, mas que por algum motivo não foi atualizado. Não é nada de grave, muito pelo contrário. Mas não dá nem para alegar que está escondido ou nenhum dos milhares de beta testers enviou via feedback.




Não sei se tem um propósito, mas a interface utilizada na barra de idiomas parece ser a do Office 2003. Utilizando a UI do Windows 7, além de mais agradável visualmente, a padronização seria bem vinda. Desse modo dá a entender que existe um remendo mal feito na barra de idiomas.

Outro detalhe antigo que permanecia até no Windows Vista é o “pontilhado” sobre os ícones ao navegar neles pelo teclado. No Windows 7 o “problema” foi resolvido em partes. O antigo detalhe foi substituído por um traço contínuo no Windows Explorer. Entretanto, deixaram área de trabalho de lado. Experimente apertar uma tecla com um ícone selecionado no desktop e veja o que acontece.




Programas

Alguns programas do Windows 7 também deixaram a desejar. Esse é o caso do Windows Fax and Scan que, como o nome sugere, é uma ferramenta para enviar/receber fax e escanear documentos e fotos. Até aí tudo bem, inclusive uso a ferramenta como alternativa ao programa bloatware da minha multifuncional. Entretanto, veja o look and feel dela na imagem ao lado. Além da cor Vista-like da barra de ferramentas, se comparado ao padrão Microsoft, diria que isso é uma espécie de rascunho de programa, todo remendado e que esqueceram de finalizar. Outro exemplo de programa mal acabado é o Windows Journal.

Agora pergunto: Porque não aproveitaram essa onda de interface Ribbon para atualizar o Windows Fax and Scan e alguns outros programas com a UI?




Por falar em interface Ribbon, acredito que não é novidade que o Paint e WordPad receberam uma boa reformulação. Mas, infelizmente, a reforma foi apenas superficial. Ao entrar em opções mais “profundas” nesses programas, o incômodo ícone do Windows 95 está lá marcando presença.

Sua professora do fundamental já dizia: “Não se traduz nomes!”. Pois é, mas infelizmente foi o que fizeram com alguns programas do Windows (XP, Vista e, ao que tudo indica, o 7 também). O problema nem é tanto traduzir os nomes, afinal, em português é até mais conveniente para usuários que não dominam o inglês. Entretanto, traduzir alguns e deixar outros em inglês dá uma impressão de relaxo. Exemplos disso é o “Galeria de Fotos do Windows” (Windows Live Photo Gallery), “Criador de DVD do Windows” (Windows DVD Maker), entre outros. Até aqui tudo bem, mas que façam o serviço completo! Lá vai: “Executor de Mídia do Windows” (Windows Media Player), “Central de Mídia do Windows” (Windows Media Center), “Fax e Escaneador do Windows” (Windows Fax and Scan), etc.




Ou se traduz tudo ou não traduz nada. Para falar a verdade, melhor não traduzir é nada em todos os idiomas do Windows. Assim unificava o nome dos programas em todas as versões estrangeiras do sistema.

Um retrocesso é o programinha Sticky Notes, uma espécie de post-it digital para anotações curtas e rápidas, que substitui um gadget parecido e com a mesma função no Windows Vista. Está certo que o Sticky Notes é mais completo e melhor que o do antecessor. Mas porque essas melhorias não foram feitas no gadget do Vista? Não há razão aparente para separar um gadget em um programa a parte.

Outro programa muito bom, presente no Windows Vista, mas que infelizmente desapareceu do Windows 7 é o Windows Calendar. Provavelmente a intenção da Microsoft é “integrá-lo” ao calendário do Windows Live Mail. Ótimo, menos uma função duplicada no Windows. Mas, sinceramente, preferiria o pequeno e leve Windows Calendar.




Usabilidade

A usabilidade do Windows 7 é excelente para quem já está acostumado com o jeito Windows de ser. Você pode até ter um pouco de dificuldades no começo, mas passada essa fase de adaptações, todas as ações se tornam natural. Entretanto, alguns recursos novos, implementados nessa versão do Windows, como Aero Snap e Jump lists, ficaram devendo alguns detalhes no quesito usabilidade.

No geral o Aero Snap aumenta a produtividade, mas em alguns caso atrapalha. Então como mover as janelas sem ativar o Aero Snap? Há como, mas o único modo de fazer isso é desativando a função no Painel de Controle. Esse recurso poderia ser aprimorado, de modo que pressionar uma tecla ao mover as janelas, desativasse temporariamente a função, por exemplo.




As Jump lists são um excelente e inovador recurso no Windows. Porém deixa a privacidade do usuário a mostra, exibindo os arquivos recentes abertos por um programa e histórico de navegação, no caso do Internet Explorer. É possível desativar isso nas propriedades do menu Iniciar, mas não é um bom negócio. Uma das exclusividades do Windows 7 irá perder metade de sua função. Então como remover um único item dessa lista? O usuário precisa clicar com o botão direito nesse item para assim removê-lo. Muitos atalhos no teclados foram implementados no 7, mas infelizmente as Jump lists ficaram de lado. Que tal usar a tecla delete sobre um item para removê-lo da lista, como ocorre na barra de endereços IE8? Detalhe pequeno mas que aumentaria a experiência do usuário.




Sobre o Internet Explorer, se seu mouse não tem scroll, provavelmente você já deve ter reparado: quando a janela do navegador está maximizada, ao tentar descer a barra de rolagem arrastando-a, existe um espaço vazio com dois pixels entre a barra e o limite da tela (repare a imagem ao lado e entenda melhor). Apesar de pequena, a infeliz atrapalha – e muito. Uma das últimas coisas que alguém vai se atentar quando está navegando é posicionar o cursor do mouse milimetricamente sobre a barra barra de rolagem. E esse problema não é exclusividade do Windows 7 ou do Internet Explorer. Também acontece nos seus antecessores e outros programas, como Bloco de notas e Ajuda e Suporte.

Fazendo alguns cálculos rápidos, sabendo que esse espaço inútil está presente nas quatro bordas da janela do IE, numa resolução de 1440×900, a área perdida numa janela maximizada é de 8732 px² (aproximadamente uma imagem de 93×93, ou ainda 0,67% da tela). Parece pouco mas faz diferença em resoluções menores.

Que a nova barra de tarefas foi uma grande revolução no Windows, isso não resta dúvidas. Entretanto, o potencial dela ainda não é totalmente utilizado por alguns programas do próprio Windows. É o caso do Windows Defender, que não exibe o progresso do escaneamento no ícone da barra de tarefas.



Um problema antigo de quando o Aero foi implementado no Vista voltou, dessa vez nas caixas de pesquisa desativadas que surgiram no 7. Ele ocorre dependendo da cor ao fundo de onde a janela está posicionada. Quando essa cor é escura, se torna difícil, em alguns casos até impossível, a leitura do texto.

Outra falha parecida com a mencionada acima acontece na barra de tarefas. Agora o conflito ocorre quando a cor do papel de parede é extremamente clara, deixando a identificação do programa aberto em primeiro plano e sua legenda (quando ativada) um tanto difícil. São falhas que também ocorriam nas versões de testes do Vista.

Já o Painel de Controle foi remodelado, ficou bem melhor. Mas infelizmente esqueceram do principal: acabar com as milhares janelas. Não entendeu? Veja a imagem abaixo.




Está certo que ninguém vai abrir tudo isso de uma única vez, mas seria muito mais conveniente abrir todas as opções dentro da janela principal do Painel de Controle.




Você por acaso já reparou a quantidade de arquivos que existem dentro da pasta do sistema (C:\Windows)? Então lá vai: mais de 45 mil, espalhados por quase 9 mil pastas. Juntando todos meus arquivos pessoais dá menos que isso. E não é de se espantar, 45 mil arquivos é muita coisa. Será que todos eles são realmente necessários? Certamente não. É visível que tem muita coisa ali que vem sendo apenas carregada ao longo das versões do Windows. E isso não é bom. Piora o desempenho do sistema, que tem de procurar entre milhares de arquivos e pastas para encontrar o que realmente interessa, e faz com que o Windows inche cada vez mais.


Finalizando

O objetivo disso tudo não é denegrir a imagem da Microsoft ou do Windows, como muitos vão pensar, e sim mostrar para você, que não teve/terá a oportunidade de testar a versão beta ou RC, o que nenhum outro blog ou site mostrou até agora: os dois lados da moeda.

Não existe o sistema perfeito, seja Windows ou Unix. O Windows 7 não é diferente. Assim como outros sistemas operacionais, os detalhes devem ser levados a sério. Em mais de um bilhão de usuários, certamente existem pessoas que, assim como o autor desse texto, são extremamente detalhistas.

Como já foi dito, é uma versão RC, ou seja, ainda pode ser melhorada até a final (RTM) – e torcemos para isso, embora seja muito difícil. Além disso, a tendência desses pequenos erros é só aumentar com a tradução do sistema.

Mais uma vez vale lembrar: o texto mostra a opinião pessoal. Infelizmente não há como fugir disso. A recomendação sempre é testar o produto e tirar sua própria conclusão. Se você não conseguiu ver nada de grave em tudo que foi mostrado aqui, ótimo. O sistema perfeito para você! Quanto aos que pelo menos repararam alguns desses detalhes, quem sabe no Windows “8″?




Fonte: Futuro da Tecnologia