Críticas

Todo designer pede, mas nenhum designer quer realmente escutar caso a crítica não seja um elogio. Mas temos que aprender a conviver com isso. Eis algumas lições que podem te ajudar a lidar com as críticas negativas no trabalho – seja de clientes, ou de colegas de trabalho.


Até certo ponto, design é uma questão de gosto. E muitas vezes, as pessoas para quem trabalhamos não gostam das idéias que implementamos nos projetos que estamos desenvolvendo para eles. O pessoal do Design Instruct perguntou a alguns designers reconhecidos como que eles lidavam com o feedback e quais eram suas estratégias para lidar com as críticas construtivas (e destrutivas) do seu trabalho.

Neste artigo vou focar na crítica como um geral, independente de ser uma crítica construtiva ou destrutiva. Mas, primeiro, vamos aprender…

As diferenças entre as críticas

Antes de começar, devemos saber definir a diferença entre as formas de críticas. Existem as críticas construtivas e críticas destrutivas.

As construtivas oferecem uma crítica juntamente de uma solução ou uma explicação do por que o crítico não gostou do que você fez. Geralmente, fica assim:

NOTA
"Não gostei muito deste azul, pois deu ar formal demais e fugiu do propósito de ser uma imagem descontraída. O mesmo vale para esta fonte serifada, que mais parece algo que escritório jurídico utilizaria e não nós, uma empresa de jogos".


Notou como a pessoa explicou por que não gostou? A opinião não necessariamente é pessoal (por exemplo, a fonte), mas outras vezes o cliente pode apenas não ter gostado do azul por não ser uma cor que ele, pessoalmente, goste. Neste caso em específico, a primeira afirmação está falsa e a segunda verdadeira (pois azul pode ser uma cor descontraída).


Azul descontraído

Já a crítica destrutiva é simples, sem explicação e em 99% dos casos é a opinião pessoal do crítico sem fundamento em nada objetivo. Um belo exemplo:

NOTA
Não gostei desta imagem que você fez. Refaça.


Uou. Ok então. O que a pessoa não gostou, exatamente? As cores? A diagramação? A fonte utilizada? A foto do cachorrinho sendo devorado por uma águia? (Ahn…). A crítica não serviu de nada. Você apenas sabe que o crítico não gostou pois não vai de acordo com o gosto pessoal dele.

Peça uma crítica construtiva

Quando recebo críticas destrutivas assim dos meus clientes (do tipo, “Tá uma m***” e pronto), faço todo um questionário para saber o que tá errado e por que ele não gostou.

  • Você gostou das cores?
  • Você gostou da fonte?
  • Você gostou da diagramação?
  • Você gostou das fotos / imagens utilizadas?


E por aí vai. Se o crítico não souber responder nada, é por que ele não sabe nem do que ele gosta e tá indeciso. Se este crítico for seu cliente, fuja para as colinas! Será um daqueles jobs problemáticos que o cliente não sabe o que quer, mas quer algo, e acha que a sua função é de ser um médium e adivinhar.

Peça uma crítica construtiva, detalhando o que a pessoa não gostou.

Chris Spooner aconselha:

NOTA
"Evite a frase “O que você acha?”. Como designers, não queremos saber das opiniões pessoais de uma pessoa. Queremos fazer algo que funciona para um público-alvo pré-determinado ou que acerte em resolver um certo problema. Perguntar ao cliente o que ele acha dá margens a respostas como “Não gosto de azul”, sendo que é algo totalmente não relacionado ao propósito do design no qual você está trabalhando".


No lugar disto, ele sugere escolher suas perguntas específicas baseadas nos objetivos do projeto, como “Este azul é relacionado com o público-alvo de homens de 12 a 16 anos?”

Aprenda a ser forte

Sabe aquele design que você passou horas fazendo e seu cliente chegou e disse que não estava bom o suficiente? Os momentos que você apresenta um job para um cliente e ele fica inteiramente satisfeito são raros e na maioria das vezes você terá que aceitar uma crítica negativa.

Eric Vasquez, um designer e artista que teve trabalho publicado no “Advanced Photoshop Magazine” e “The Art of Fashion Art Exhibit” comenta:

NOTA
“Algumas vezes você fica achando que tudo que você cria está sendo rejeitado ou dilarecado. Eu já trabalhei com algumas pessoas que falavam super mal do meu trabalho mesmo antes de sequer terminar! No fim das contas, eu acho que este tipo de crítica negativa é necessária pois ajuda você a desenvolver uma força maior para lidar com estes problemas. É importante se focar, conseguir o maior número de informações possíveis e realmente escutar o que seu cliente tem a falar para que você possa entregar o que ele quer”.


Seja profissional e mantenha o rebolado

Quando estiver solicitando uma crítica, é imperativo que você continue sendo profissional, independente de como o cliente responde. Também ajuda bastante se você não for muito intimamente ligado ao seu trabalho.

Quando apresentar o job pro chefe (ou cliente), seja confiante, dê sua opinião profissional e explique o por que das suas escolhas no design.


Mantenha a calma

Grace Smith, uma designer gráfica e web freelancer, e respeitada designer blogueira compartilhou: “Eu sempre faço a distinção entre pessoal e profissional, o que faz sentir-me melhor como designer e como pessoa.”

NOTA
“Quando recebo uma crítica negativa, eu fico de olho na minha posição de defesa e lembro que a maneira que eu responder à crítica diz muito sobre minha pessoa. Eu descobri que apresentar um conceito ao cliente com uma explicação detalhado faz com que ele entenda melhor o design como um todo. Isto geralmente me dá um retorno mais construtivo do que negativo”.


Não leve pro lado pessoal

Quando recebemos uma crítica negativa sobre nosso trabalho, muitas vezes podemos achar que é uma crítica a nosso gosto pessoal, estilo e visão de design. Mas é importante lembrar que design é subjetivo.

Jav Cavan, uma designer gráfica e web e uma das convidadas a falar no Future of Web Design aconselhou: “Nunca leve [a crítica] pro lado pessoal. Não faça isto pois isto não vai fazer nenhum bem a você.”

Cavan compartilhou uma experiência que ela teve com um de seus críticos: “Eu recebia e-mails dizendo que meu design era chamativo demais, citando algo que eles gostavam que não passava de um site com o estilo dos anos 90 – chapado e sem dimensão. Era inevitável ficar frustrada.”

Defenda suas escolhas

Se você vê que a crítica é destrutiva, sem sentido algum, lembre-se que você é um profissional. Você foi contratado devido a sua experiência e perícia.

Justifique seus motivos por fazer algo de uma maneira específica se você acreditar que a parte criticada do seu trabalho não tem motivos a ser criticada. Se a crítica for quanto as cores utilizadas (por exemplo), compartilhe sua lógica que levou a escolher elas. Se você está tendo dificuldades em explicar ou talvez sua escolha tenha sido arbitrária, então talvez seu cliente tenha razão.

“Tento descobrir exatamente o que ele não gosta sobre o design“, diz Simoma Pfreundner, uma designer e ilustradora alemã. “Se eu acredito que a peça está boa, tento explicar o design ao cliente.”

Baseado no artigo de Design Instruct

Fonte: DesignBlog