No artigo lançado no Smashing Magazine, a autora Cameron Chapman fez uma análise que é pra lá de importante para nós web designers: a internet do futuro, com todos os seus serviços agregadores e aumento de acessos via aparelhos móveis, tem um lugar reservado para nós web designers? Ou corremos o risco de perder o emprego?



Nas palavras de Chapman:

NOTA
Como web designers e web developers, o que a internet reserva para os usuários no futuro é de vital importância para nossas vidas. Se o futuro da web implica em mudanças radicais para todos, precisamos entender como isto vai afetar o que fazemos como meio de vida e o que vamos precisar mudar em nosso trabalho para não ficar de fora – se é que é possível.


“O futuro é conteúdo e informação”

Se você for como a maioria dos consumidores tecnológicos atuais, você possui um smartphone – um aparelho móvel (celular) que pode acessar a internet. Seja um aparelho da Apple (iPhone, iPod Touch, iPad, etc), um Android ou até mesmo um Blackberry se você for um executivo empresarial, você tem acesso aos seus projetos profissionais e pessoais – como checar e-mail ou procurar entretenimento. E a autora questiona: “Quanto disto você faz pelo navegador do seu celular?“. A resposta é provavelmente “não muito“.

Usamos apps (aplicativos) específicos para checar e-mail, apps para verificar seu status no Facebook, Twidroid, Tweetdeck ou Gravity para atualizar o seu Twitter, apps específicos para ver vídeos no YouTube, Pandora ou Last.fm para escutar música.

Até mesmo nos desktops ou laptops estamos cada vez mais usando aplicativos para acessar alguns serviços – desde o GMDesk que acessa o seu GMail até o Tweetdeck para ver o seu Twitter. Temos até opções como o Fluid ou Prism para transformar qualquer site em um aplicativo independente do navegador. Sem contar o Google Chrome OS que transforma seu computador em um navegador, rodando aplicativos nas nuvens.

E as versões de sites móveis? Muitos deles são similares entre si, sendo que a única coisa que muda é o conteúdo. E não é por menos: quem acessa por aparelho móvel acredita que o design é irrelevante. “Por quê?” você se pergunta. A resposta é simples: eles estão acessando o site móvel exclusivamente pelo conteúdo. Claro que isto não quer dizer que não apreciem um bom design, desde que a interface não complique ou interfira com a habilidade do usuário encontrar o que precisa.

Agregadores são o futuro / presente da web

O que são estes agregadores? São serviços como o Google Reader, Twitter e Facebook. Eles juntam o conteúdo de diversas fontes e apresentam sob uma única interface.

Veja o caso do Facebook: você raramente precisa sair do site para ter acesso ao conteúdo postado lá. Vídeos? Assista diretamente online. Feeds RSS? Você mal sai do Facebook para ler.


Nossos Inimigos?

O Google é pior ainda neste caso. É só ver a quantia de produtos que eles oferecem. Muitas vezes você nem precisa sair da página de busca para conseguir uma informação. Em breve, você poderá ver o conteúdo do que você buscou direto pela página deles.

Nem tudo é desvantagem para os donos de sites

Claro que com a queda de acessos ao site, a publicidade (como o Google AdSense) cairá. Em contrapartida, o consumo de banda de cada site será muito menor. Sem a transferência de gráficos, folhas de estilo CSS e processamento de informações, consumo de banda será drasticamente reduzida.

Outra vantagem é o aumento do controle por parte do usuário. Eles podem definir como eles vão visualizar o conteúdo, não correndo mais o risco de ter que entrar em sites sem acessibilidade e não encontrar o conteúdo que precisam. Finalmente usuários com deficiências teriam uma presença muito maior na web.

O que isto tudo implica ao web designer?

O conteúdo passará a ser dinâmico. Ele não está mais limitado a um site somente. Com o RSS, você já pode acessar o conteúdo deste blog sem nunca ter que acessar ele (pelo nosso feed, por exemplo). E números não me deixam mentir: atualmente conto com 2.869 assinantes de feed que acessam o conteúdo do meu blog, chegando perto de ultrapassar os 3.000 acessos diretos diários que este blog possui. O Twitter é outro: são atualmente 4.700 seguidores que além de terem acesso ao conteúdo deste site, ainda podem acessar os vários links interessantes que publico diariamente.

E o que tudo isto representa a nós, web designers? Bom, se a web se tornar um lugar só de aplicativos e agregadores, a necessidade de se contratar um web designer será bem menor. Empresas não vão achar necessário contratar alguém para fazer um site quando eles podem apenas utilizar um template pronto e enviar todo o seu conteúdo para o Google, Facebook e Twitter.

Por outro lado, desenvolvedores vão passar por um “boom” de negócios. A procura pelo desenvolvimento de apps será muito maior. Claro que será necessário de um designer para que o app funcione, mas a demanda será muito menor do que para um site.



Como isto nos afetará, especialmente no Brasil?

Não dá pra negar que muito do que a Chapman falou é verdade. Houve um aumento significativo de aparelhos móveis com acesso a internet e o Twitter tem se tornado um serviço muito popular aqui no Brasil. No entanto, o Brasil ainda está muito atrás dos Estados Unidos e Europa no quesito “usuários de tecnologia”. Por exemplo, o Facebook está tendo uma participação de mercado brasileiro que aumenta a cada dia, mas ainda é muito inferior ao Orkut. O povo brasileiro ainda é leigo quando o assunto é a nova tecnologia.

Mas é só ver os números: como falei, tenho uma média de acessos diários de 3.000 visitas únicas. Assinantes de feed, chega a quase 2.900. Já no Twitter, tenho 4.700 seguidores. As pessoas estão passando a preferir poder centralizar todos os seus sites em um lugar só. E a tendência é que mais pessoas passem a aderir a estas formas de visualizar conteúdo.

Ao contrário dos Estados Unidos e Europa, acredito que estamos pelo menos a 3 anos de distância de termos um público móvel igual ao público que acessa pelo desktop. E talvez 5 anos para que o público móvel ultrapasse o número de acessos de quem acessa pelo navegador. Isto não quer dizer que devemos passar a ficar preocupados apenas por volta do ano de 2014!.

Claro, o web design não vai se tornar algo obsoleto nos próximos 10 anos, mas talvez a necessidade de se contratar um web designer caia bastante. Temos que ficar por dentro do que está acontecendo na web e como ela está mudando. Precisamos ficar atentos e tentar inovar onde for possível.

Uma coisa eu posso garantir: quem parar de estudar hoje, estará sem emprego até julho de 2012.

E você? Acredita que há um lugar para web designers na web do futuro? Ou já estamos perdendo espaço na web atual? Comente!

Fonte: DesignBlog